Análise: A estrutura financeira das religiões





A religião é uma instituição financeira tanto quanto espiritual. Sem doações dos fiéis, as religiões como organizações sociais não sobreviveriam.

Não é surpreendente que as maiores religiões do mundo - Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo e Hinduísmo - promovam a acumulação de riquezas através de seus sistemas de crenças, o que contribui para a prosperidade econômica.
Incentivos espirituais como a danação e a salvação são motivadores eficientes. Por isso, religiões que dão ênfase à crença no inferno são mais propensas a contribuírem para a prosperidade econômica do que as que enfatizam a crença no paraíso.

As religiões que têm foco na crença no paraíso dão mais importância a atividades redistributivas (caridade) para diminuir o tempo das pessoas no inferno e chegar mais perto do paraíso.
Já o incentivo que se baseia na crença no inferno parece mais eficiente para o comportamento econômico, porque motiva os fiéis a trabalhar mais duro para evitar a danação.

Arrecadação
A estrutura organizacional, assim como o sistema de crenças de uma religião, afeta diretamente sua habilidade de arrecadar fundos dos fiéis.
A riqueza das religiões, de maneira muito semelhante à riqueza das nações, depende da estrutura de sua organização. Mas, diferentemente das corporações, as finanças das religiões não são transparentes para o público nem são monitoradas.
Algumas estruturas religiosas são hierárquicas como a da Igreja Católica Romana, com a concentração de riqueza no clero e no Papado. Por contraste, as igrejas evangélicas e pentecostais favorecem um acúmulo de riqueza de pai para filho.
O famoso evangelista americano Billy Graham e seu filho William Franklin Graham 3º, que assumiu a presidência da associação evangelista do pai, são um exemplo de como o poder espiritual e a riqueza de uma religião são mantidos pelos laços familiares.
Fiéis fazem doação do dízimo na Nigéria.
Religiões monoteístas usam a experiência coletiva como forma de pressionar os fiéis para a doação
Outras organizações tendem a ser descentralizadas e comunitárias por natureza, como o judaísmo, com as sinagogas locais mantendo a autonomia sobre as finanças.

Mas as religiões coletivas, como as monoteístas, requerem a crença exclusiva em um só Deus e contam financeiramente com tributos e doações voluntárias de seus membros.

Como consequência, um templo, igreja ou mesquita exerce pressão coletiva e outros tipos de sanções grupais para garantir a ajuda financeira contínua dos fiéis à religião.

No entanto, uma dificuldade constante enfrentada pelas religiões é que muitos membros decidem agir de acordo com sua própria vontade e não dar apoio financeiro.

Outro tipo de estrutura religiosa é a privada ou difusa. Hinduísmo e budismo são religiões privadas, em que os fiéis realizam atos religiosos sozinhos e pagam uma taxa para um monge pelo serviço.

Nestes casos, as atividades religiosas são partes da vida diária e podem ser feitas a qualquer momento do dia. Elas não requerem nem um grupo de fiéis nem a presença dos monges.

Estas religiões privadas tendem a ser politeístas e sustentadas financeiramente pelo pagamento de uma taxa de serviço.

Apoio do Estado
"Sem doações dos fiéis, as religiões como organizações sociais não sobreviveriam."
Rachel McCleary
Religiões com muitos recursos, como por exemplo o catolicismo romano e o islamismo, historicamente foram - algumas vezes - monopólios financiados pelo Estado.
A regulação da religião pelo Estado pode reduzir a qualidade das vantagens espirituais na medida em que aumenta a capacidade da religião de acumular riqueza. Mas uma religião subsidiada pelo Estado pode ter um efeito positivo na participação religiosa.

Por exemplo, os governos da Dinamarca, Suécia, Alemanha e Áustria subsidiam muitas religiões para a manutenção de suas propriedades, a educação do clero e os serviços sociais.

Mesmo que isso não necessariamente aumente o número de pessoas que frequentam a igreja, o investimento financeiro do Estado nas instituições religiosas aumentou as oportunidades das pessoas de participarem de atividades patrocinadas pela religião.

Principais Negócios Religiosos no Brasil


Em paralelo, algumas igrejas evangélicas adquirem espaços milionários na grade de TV aberta brasileira e tomam parte em empreitadas que vão desde a construção de grandes templos até participação em empresas de engenharia e de telecomunicações.
Conheça abaixo alguns dos elementos que compõem esse mercado:

Templo de Salomão
Um terreno de 28 mil metros quadrados – área superior à do Parque Buenos Aires, em São Paulo – vai abrigar o Templo de Salomão, a maior construção da Igreja Universal do Reino de Deus.
Trata-se de uma reprodução de um histórico templo israelense, que está em fase inicial de construção na avenida Celso Garcia, no Brás (Zona Leste de São Paulo). Terá, segundo material de divulgação da própria Iurd, altura equivalente a um prédio de 18 andares, poderá abrigar até 10 mil pessoas sentadas e custará entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões.
O recurso virá de fiéis e "admiradores" do projeto, também de acordo com a Igreja Universal.

Telecomunicações e mídia
Imagem digital de como será o Templo de Salomão
Imagem digital de como será o Templo de Salomão, o maior da Igreja Universal
Igrejas e pastores evangélicos detêm dezenas de concessões de emissoras e rádios de TV, além de participação na mídia impressa – um exemplo é a Folha Universal, jornal semanal da Iurd com tiragem declarada de 2,3 milhões de exemplares.
Mas o mais proeminente negócio midiático relacionado aos evangélicos é a Rede Record, controlada desde 1989 por Edir Macedo, fundador da Universal.
Embora tanto a igreja como o grupo midiático sejam do mesmo dono, a Record diz que não sofre interferências da igreja, que é considerada apenas "um cliente" pela emissora.
As evangélicas também adquirem cerca de 130 horas semanais nas grades de algumas das principais emissoras de TV abertas do país – RedeTV!, Record, Band e Gazeta.
Relatos na imprensa dão conta de que o SBT negocia a venda de seu horário da madrugada para a Igreja Mundial; a assessoria da emissora diz que não há nada confirmado.

Produtos de consumo
A Assembleia de Deus oferece dois tipos de cartão de crédito, o Missionário e o Gold, este último dono de um perfil próprio no Twitter. A Igreja Internacional da Graça de Deus lançou o seu cartão de crédito Igreja da Graça. São exemplos de produtos destinados especialmente para o público evangélico.
A empresa Z3, do interior de São Paulo, se especializou em atender esse público, com livros e jogos infantis com histórias religiosas. "Nossa rede tem crescido, então acredito na expansão desse mercado", diz Kátia Vieira, funcionária da Z3. "Todos os dias recebemos clientes novos, quase exclusivamente do público evangélico. Estão sempre à procura de coisas novas."
Loja Z3, na Conde de Sarzedas
Loja Z3, na rua Conde de Sarzedas, tem visto seu movimento crescer

Rua especializada
Uma pequena ladeira no Centro de São Paulo se tornou um ponto de encontro de consumidores e fornecedores de produtos cristãos. A rua Conde de Sarzedas tem dezenas de lojas especializadas, que oferecem de bíblias e CDs a jogos infantis, óleos de unção, produtos com frases que remetem a Deus e pacotes de viagem.
É ali que a cantora Mara Maravilha mantém uma loja, que vende seus CDs e DVDs de música gospel. No andar de cima da mesma galeria, funciona a Terra Santa Viagens, que fecha cerca de uma caravana por mês (com cerca de 50 pessoas) para turismo em cidades como Jerusalém, em Israel, e Belém, na Cisjordânia.
"A procura tem sido constante", diz Fernanda, uma das funcionárias. O principal público, ela acrescenta, é o evangélico.

Feiras setoriais
O empresário Eduardo Berzin Filho trabalha há 15 anos para o público evangélico, com a produção de revistas, sites e programas de TV. Há dez anos, lançou a ExpoCristã, que levou, segundo ele, 160 mil visitantes em 2010 ao centro de eventos do Anhembi, em São Paulo.
O evento reuniu atrações da música gospel, exposição de arte cristã e a venda de livros, produtos especializados e mobiliário para templos. A edição de 2011 da ExpoCristã está marcada para setembro.
ExpoCristo, em Curitiba (Foto: Divulgação)
ExpoCristo é realizada há sete anos em Curitiba (Foto: Divulgação)
Evento semelhante é realizado há sete anos em Curitiba por Jôfran Alves, que com sua esposa criou a ExpoCristo. A edição mais recente ocorreu em julho, também com atrações musicais, editoras, gravadoras, e até empresas que prestam serviço de segurança para templos. A ideia é atender bem a um "público que consome de tudo", como o cristão, segundo Alves.

Mercados fonográfico e editorial
Há poucos dados disponíveis sobre os segmentos de livros evangélicos e de música gospel, mas há indícios de crescimento e alta no consumo.
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) diz que a produção de livros religiosos cresceu 39,2% em 2010 em comparação com número anterior, dado que inclui livros católicos – o crescimento, inclusive, foi puxado por um livro do padre Marcelo Rossi.
A CBL não tem dados específicos sobre o mercado editorial evangélico, mas percebe crescimento.
"Nossa percepção é de que o público evangélico tem grande participação, e é crescente", diz à BBC Karine Pansa, presidente da Câmara. "Isso se dá pela cultura de ter uma bíblia para cada pessoa, de ter bíblias específicas, e pela vontade que esse público tem de aprender."
Sobre o mercado fonográfico gospel, a Associação Brasileira de Produtores de Discos diz não ter dados específicos, mas alguns dados confirmam a força do segmento.
Bíblias na rua Conde de Sarzedas
Mercado editorial segmentado também tem crescido
Aline Barros, uma das mais conhecidas cantoras gospel, contabiliza 3,6 milhões de acessos em seu canal no YouTube. Damares, outro nome famoso desse mercado, vendeu 170 mil cópias de seu último CD e recebeu discos de ouro e platina. André Valadão tem nove CDs e cinco DVDs gravados em sete anos de carreira solo.

Serviços de apoio
Para amparar a construção de templos e sua gestão, foram criadas empresas e entidades que prestam serviços especializados.
Algumas têm elos com as próprias igrejas – caso do Engiurd, o Departamento de Engenharia da Igreja Universal do Reino de Deus, criado para "otimizar recursos em nossos processos de construção, reforma e manutenção de templos", segundo o site da empresa.
Outras entidades prestam serviços para diferentes congregações. É o caso da Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes), que ensina técnicas de liderança e gestão de negócios para pastores e líderes religiosos e comunitários, além de realizar pesquisas para identificar regiões "com necessidades missionárias e sociais" que podem ser atendidas por congregações.

Fonte: BBCBrasil

Na India o milionário negócio dos gurus


Líderes espirituais não são novidade na Índia onde há mais deles per capita do que em qualquer outra nação do planeta.
Mas o que mudou recentemente é que não falamos mais apenas de um sistema de crenças e fé pessoal. É uma indústria em expansão avaliada em milhões de dólares.

Hoje há inúmeros produtos derivados que vêm destes gurus, como CDs de música e vídeos, turismo e canais de TV até portais espirituais que permitem aos fiéis um contato maior com seu deus pela internet.

A sede do império de Sri Sri Ravi Shankar ocupa um área impressionante de mais de 40 hectares na cidade de Bangalore, no sul da Índia.
Seguidores do guru Sri Sri Ravi Shankar
Milhares de seguidores são atraídos até o complexo para ver o guru
Há um grande Ashram onde os sábios vivem em paz, vários "centros de recursos" e uma escola veda (escrituras que forma a base do hinduísmo). O local tem também uma grande cozinha que alimenta cinco mil devotos por dia.

Andando pelo complexo, outra coisa que impressiona é grande variedade de produtos desenvolvidos, como protetores solares, shampoos e remédios.

O professor e escritor Dipankar Gupta vem seguindo esse fenômeno de fusão entre religião e espiritualidade que ele chama de "indústria de vários milhões de dólares" que inclui alguns gurus muito ricos.

Sri Sri Ravi Shankar, por exemplo, foi classificado pela revista Forbes como ocupando a oitava posição entre os líderes indianos mais importantes.

Fonte: BBC

Um comentário:

  1. O dinheiro é uma necessidade essencial e fundamental.

    Bom, nenhuma ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA sobreviveria sem dinheiro, não vou sequer falar da questão histórica desta relação, vou resumir a importância do dinheiro nestas organizações.

    Eu venho sempre defendendo a questão pessoal da filosofia, o homem sente necessidade da divindade, ora ou outra, momento ou outro, mas irrefutavelmente este precisará de se encontrar, de certa forma ou outra por vezes necessitamos de algo que nos seja superior é como em dado momento não déssemos conta do recado é uma procura através da serenidade da tranqüilidade; reflexão, meditação, mentalização, seja como for...

    Venho também tentado compreender a razão da religiosidade e espiritualidade das pessoas e uma das minhas conclusões é que existe uma grande diferença entre RELIGIÃO e a FILOSOFIA dentro desta mesma religião, ou seja, FILOSOFICAMENTE falando, a religiosidade é um bem estar mental necessário e benevolente, desde quê; ressalvadas as devidas proporções da racionalidade.

    Outra questão que vem me chamando à atenção é a POLÍTICA, essencialmente falando. A política é uma arte maravilhosa que naturalmente nos ocorre; nossas relações, nosso trabalho, nosso lazer... fazemos política a todo momento, sem querer estamos usufruindo dessa magnânima arte, porém existe dentro da política uma tênue compreensão das razões e essa tenuidade é que faz a grande diferença do que seja benevolente ou malevolente, mas entretanto há de se considerar as conveniências e estas conveniências muitas vezes é que são distorcidas através do HOMEM dentro da ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA.

    O dinheiro é necessário, porém a CONTRA PARTIDA também o é, afinal estas entidades são filantrópicas e deve reverter parte seus benefícios em contra partida, ou seja, uma creche, escola, asilos, centros de recuperação de drogados, enfim, algo social essencial à comunidade. Estas organizações podem e deve procurar outras fontes, um exemplo clássico é a Livraria Paulinas, (sabemos o poderio de tal livraria), porém esta livraria oferece a contra partida, por exemplo, bíblias distribuídas pela então igreja católica através de suas pastorais vem desta contra partida, folhetos litúrgicos e por ai vai.

    Eu fico muito feliz quando vejo que uma igreja, seja ela qual for; católica, evangélica, espírita..., participando junto à comunidade e essa participação vem do HOMEM que a administra, por exemplo, eu conheço um pastor no ES que possui vários barracões numa região paupérrima e vários destes barracões são ocupados por pessoas que momentaneamente não podem pagar aluguel, este mesmo pastor usa sua influência na igreja pra empregar estas pessoas e porque não? Afinal ele na posição de pastor é um líder, (Não sei se existe algo por detrás de sua intenção, não vem ao caso.). Outro exemplo são as entidades espíritas com suas casas de recuperação que muitas vezes atendem famílias que não tem condições de pagar pelo tratamento e, diga-se de passagem, longo e caro.

    Enfim, penso que se alguém contribui com sua igreja, isso é válido, não devemos contribuir com o pensamento voltado para a corrupção que possa haver com esse dinheiro doado, quem doa deve doar de bom grado, conscientemente que essa doação possa ser bem empregada, não podemos nos responsabilizar pela consciência de terceiros, se podemos, porque não ajudar. Você pode me questionar que é muito mais válida sua própria atitude, uma cesta básica para uma família necessitada pode ser uma boa ajuda, porém estas igrejas conseguem alcançar um número maior de necessitados.

    Não devemos confundir a religiosidade das pessoas com sua religião, ou melhor, como disse acima; ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA.

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