Argumentos da existência de Deus


     



                                 
ARGUMENTO DO CONSENSO COMUM

Tal recurso fora utilizado por filósofos, tais como Aristóteles e mais acentuadamente pelos platônicos ecléticos do século I a.C. Tudo indica que fora desse argumento que o grande orador romano Cícero declarou: ”Não há povo tão primitivo, tão bárbaro, que não admita a existência de deuses, ainda que se engane sobre sua natureza.” Segundo os neoplatônicos de Cambridge do século XVII (tais como Couworth, Moore e Hebert de Cherbury) e a escola francesa do senso comum (representada por, entre outros, Thomas Reid e Dougald Stwart), a crença em Deus é algo que está inato ou constitutivo da natureza humana, ou seja, faz parte da sua própria essência.


 ARGUMENTO DA ORDEM DO UNIVERSO 
  (ou TELEOLÓGICO)

Fora deste argumento que Anaxágoras confessou a Inteligência como causa ordenadora do Universo. Outros que fizeram uso desse argumento foram Platão e Aristóteles. O primeiro afirmou: “Que a Inteligência ordena todas as coisas é afirmação digna do espetáculo que nos oferecem o mundo, a lua, os astros e todas as revoluções celestes. O segundo, Aristóteles, disse, na formulação de Fílon: “Se virmos uma casa construída com cuidado, com vestíbulos, pórticos, apartamentos para homens, mulheres e para outras pessoas, teremos uma idéia do artista: não acharemos que foi feita sem arte e sem artesãos. E o mesmo diremos de uma cidade, de um navio, ou de um objeto qualquer construído, seja ele pequeno ou grande. Do mesmo modo, aquele que entrou nesse mundo como uma casa ou numa enorme cidade e viu o céu que gira em círculo e tudo contém, os planetas e as estrelas fixas movidos por movimento idêntico ao do céu, simétrico, harmonioso e útil ao todo, e a terra que recebeu o lugar central.., esse homem concluirá que tudo isso não foi feito sem uma arte perfeita e que o artífice desse universo foi e é Deus.”


ARGUMENTO CAUSAL

Tal argumento pode ser encontrado, por exemplo, em Aristóteles. Muito tempo depois fora retomado pelos autores árabes (Avicena) e por São Tomás. De acordo com estes pensadores, é impossível remontar ao infinito na série das causas materiais e das causas eficientes, ou das causas finais ou das conseqüências, e que, portanto, deve haver, em cada série um primeiro princípio do qual depende toda a série. Já que se aplica igualmente às causas finais, tal argumento ver em Deus o fim último, o bem supremo segundo o qual estão ordenadas todas as coisas do mundo.


     ARGUMENTO DO MOVIMENTO

Platão foi o primeiro a expor tal argumento, e depois por Aristóteles. Na época da Escolástica latina, no século XI, foi exposto por Adelardo de Bath. Em São Tomás aparece de modo ainda mais nítido. Segundo este teólogo, tudo o que se move é movido por outra coisa: “se aquilo pelo qual é movido por sua vez se move é preciso que também ele seja movido por outra coisa e esta por outra. Mas não é possível continuar ao infinito; senão, não haveria um primeiro motor e nem mesmo os outros motores mo veriam assim como, por exemplo, o bastão não move se não for movido pela mão. Portanto, é preciso chegar a um primeiro motor que não seja movido por nenhum outro, e por ele todos entendem Deus.”


ARGUMENTO DO GRAUS

Segundo Aristóteles: “Em geral, nas coisas em que há o melhor, há também o ótimo; e como háo ótimo nas coisas que existem de um modo ou de outro, haverá nelas também o ótimo, que poderia ser divino”. Cícero reproduziu tal argumento desta forma: “Não se pode afirmar que em cada ordem de coisas não haja algum termo extremo, uma perfeição absoluta, pois vemos que para uma planta, para um animal, a natureza se não se lhe opõe força alguma, segue seu caminho e chega ao termo último, e que a pintura, a arquitetura e as outras artes alcançam também resultado perfeito em suas obras. O mesmo deve ser dito para toda natureza e com muito maior razão: deve-se necessariamente produzir e realizar uma forma absolutamente perfeita”. Santo Agostinho também fez uso deste argumento: “Se não pode negar que algumas naturezas são melhores do que outras, a razão nos convence de que há uma tão excelente que nenhuma outra haverá que lhe seja superior. De fato se essa distinção de graus presseguisse ao infinito de modo que nao houvesse um grau superior a todos a razão seria levada a admitir que o número dessas naturezas e infinita. Mas como isso e considerado absurdo por qualquer um que nao seja carente de razão, deve haver necessariamente uma natureza superior, que não possa ser subordinada a nenhuma outra como inferior


ARGUMENTO COSMOLÓGICO

Tal argumento foi considerado pela primeira vez Avicena, o qual distinguira o ser em necessário e possível, definindo o possível como o que não existe por si, mas tem necessidade de alguma coisa para existir. Por tanto, se existe um possível, existe algo que o faz existir; mas se esse algo é, por sua vez, possível, remete ainda a um outro que seja causa de sua existência; e assim por diante, até se chegar ao ser necessário, que é o que existe por si. Dessa prova resulta a definição de Deus como ser necessário, cujo antecedente pode ser encontrado em Aristóteles. O estudioso judeu Maimônides aceitou também este argumento, e igualmente a Escolástica latina, por Guilherme de Alvérnia, na primeira metade do século XII


ARGUMENTO ONTOLÓGICO 

Este argumento foi exposto por Anselmo de Aosta, no século XI. Caracteriza-se por passar do simples conceito de Deus à existência de Deus. Disse Anselmo: “Certamente aquilo de que não se pode pensar nada de maior não pode estar só no intelecto. Por que, se estivesse só no intelecto, poder-se-ia pensar que estivesse também na realidade, ou seja, que fosse maior. Se, portanto, aquilo dc que não se pode pensar nada de maior está só no intelecto, aquilo de que não se pode pensar nada de maior é, ao contrário, aquilo dc que si’ pode pensar algo de maior.

  A PRESENÇA DA IDÉIA DE DEUS NO HOMEM

Trataram deste argumento pensadores tais como Justino, Tertuliano e João Damasceno. Tal argumento está inserido nas provas cartesianas da existência de Deus. É o que denominou por “argumento de consciência”.


 ARGUMENTO MORAL

Este argumento tenta mostrar que a existência de Deus é uma exigência da vida moral, no sentido de que é conveniente ou necessário ao homem crer em Deus. Porém, “moral”, neste caso, não indica só a esfera á qual pertence a prova, mas também uma limitação da validade da prova para essa esfera. Uma prova moral de Deus é a Aposta de Pascal. Segundo Pascal, não se pode adiar o problema de Deus e permanecer neutro diante de suas soluções. O homem deve escolher entre viver como se Deus existisse ou viver como se Deus não existisse; se a razão não pode ajudá-lo nessa escolha, que ele considere qual é a escolha mais conveniente como se estivesse diante de um jogo ou de uma aposta em que é preciso considerar, por um lado, o lance e, por outro, a perda ou a vitória eventual. Assim, quem aposta na existência de Deus, se ganhar, ganhará tudo; se perder, nada perderá: portanto, é preciso apostar sem hesitação. A aposta já é razoável quando se trata de um ganho finito e pouco superior ao lance, quanto mais se o ganho é infinitamente superior ao lance.

  ARGUMENTO FORMULADO DE VÁRIOS MODOS

Diz Filon: “Mas há uma inteligência mais perfeita e mais purificada, iniciada nos grandes mistérios, que conhece a Causa, não a partir de seus efeitos, assim como se conhece o objeto imóvel a partir de sua sombra, mas que transcendeu o efeito e recebe a aparição clara do ser não gerado de tal modo que o compreende em si mesmo e por si mesmo e não em sua sombra, que é a razão e o mundo”. De forma atenuada, esse argumento pode ser repetido no que se refere à busca pura e simples de Deus.: a própria busca, na variedade dos seus procedimentos e resultados, pode ser uma prova intrínseca da existência, sem que seja, porém, definível ou determinável de modo acabado aquilo que se busca. É o que já Pascal dizia: “E prova de Deus não só o desvelo dos que o procuram como também a cegueira dos que não o procuram”.




Fonte: Nicola Abbagnano. Dicionário de Filosofia. Trad. Ivone caastilho benedetti – Editora Martin Fontes – São Paulo, 2000.
                                          

7 comentários:

  1. O Argumento Cosmológico, na minha opinião, é praticamente irrefutável! Tem base muito lógica, me identifico demais com ele.

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  2. Sinceramente, tudo que vi foi papo furado. Argumentos que vão contra a lógica, completamente equivocados assim como todas as outras crendices do senso comum. É como uma pessoa tentar justificar que "pão causa gripe". Se tudo que existe foi DEUS quem criou, ele criou a fome, a miséria, a tortura e o sofrimento. Não adianta por a culpa no DIABO, porque já que DEUS criou tudo, criou o DIABO também, assim como todas as coisas ruins que vemos por aí. E se o DIABO é responsável por penalizar pessoas que fazem coisas ruins, isso não faria dele uma entidade espiritual do bem?

    Você já viu DEUS? Se sim, acredito que deva procurar urgentemente por uma clínica psiquiátrica.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Tá com raiva de Deus irmão? Acho que isso é problema seu não acha? Agora, querer refutar argumentos científicos e filosóficos com esse papinho de garoto mimado e birrento que acha que o mundo seria melhor se fosse o seu artífice é demais, vai estudar e quando tiver capacidade de refutar cientificamente algum dos argumentos acima apresentados ai seu comentário terá algum valor.

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  5. Como historiador devo dizer que o argumento do consenso comum é realmente irrefutável.

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  6. Eduardo, meu caro.
    Você se equivocou e muito em sua postagem. Tendo em vista que somos um grupo de DEÍSTAS, logo deve-se entender que não compactuamos com nenhum tipo de crendices, religiosidade, e dogmas, como por exemplo: a existência de um ser diabólico. Nós acreditamos em Deus pela observação da natureza, pela ordem das coisas, e pela lógica.
    É IMPOSSÍVEL que você tenha lido e COMPREENDIDO os argumentos, e reinvindique falta de lógica neles. Se eu fosse você, faria uma releitura dos argumentos, principalmente o Cosmológico e o Teleológico. Sobre a questão de Deus estar ligado com a maldade, nós deístas, creio eu, entendemos que Deus é um ser superior, ele está contudo além da maldade ou da bondade, nós é quem fazemos distinção moral do que é bom ou ruim, pois o que é bonanza assim como o que é maligno não pode ser provado de forma científica.

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  7. EXCELENTE!!! Estou maravilhado com texto, os argumentos podemos não concordar com todos, mas são muito bem argumentados, existe sim concordância nas teorias.

    Tudo é universalmente perfeito; irrefutavelmente perfeito! Embora possa em dada circunstância NÃO nos parecer dessa forma, mas o é; galáxias colidem com galáxias, estrelas com outras estrelas, planetas com planetas e as energias são incalculáveis; inimagináveis. Um fungo absorve a seiva, matando seu hospedeiro, realidade cruel, mas que alimentará outras espécies.

    Aproveitando gostaria de apresentar meu argumento.

    ARGUMENTO DAS MOLAS E ENGRENAGENS.

    ENGRENAGENS (Matéria): Sistema mecânico de movimento, necessárias ao menos duas para que o mecanismo funcione, mas as possibilidades são infinitas. Formas variadas; cônicas, retas, hipóides, helicoidais, cremalheira e a que mais gosto; parafuso sem fim, também podem ter infinitas variações em tamanhos, estruturas e diametros e os materiais aplicados podem ser vários; do plástico passando pela borracha até ao metal.

    MOLAS (Energia): Objeto elástico e flexível que armazena energia, suas variantes e alternativas são ainda superiores ou maiores do que as das engrenagens.

    MATÉRIA (Engrenagens): É tudo o que tenha massa e ocupa espaço, ou seja, possui volume
    ENERGIA (Molas): É tudo o que pode modificar, transformar, criar e recriar a matéria.

    Nesta minha teoria tudo é basicamente formado por molas e engrenagens. Molas e engrenagens serão encontradas em suas infinitas variantes, mas todas elas com a mesma importância universal, independentemente do tamanho, diâmetro ou material. Neste meu aspecto poderemos encontrar também os mais variados conjuntos de molas e engrenagens, mas cada qual interligado ao outro, (Como se o universo fosse um grande relógio), porém não necessariamente LIGADO, ou seja, para que uma engrenagem possa fazer com que seguinte mova-se, esta última não precisa necessariamente estar ligada; junta ou colada a ela, molas podem fazer esse papel, (Energias), tanto que neste aspecto as molas podem modificar algumas engrenagens para que tudo funcione perfeitamente, estas engrenagens podem pelas molas modificarem seus tamanhos, formas e diâmetros. Outro fato bizarro é que as molas juntas com outras podem-se “reproduzir”, na verdade juntar forças, surgindo outras “perspectivas” molas.

    Bom, vislumbrando um universo interligado por molas e engrenagens, onde tudo é perfeito porque se move perfeitamente rumo ao infinito e desconhecido, e mais, energias se “alimentam” de matérias e vice versa, no meu ponto de vista é a perfeição absoluta. Estamos falando de uma perspectiva universal, então alguns exemplos clássicos podemos usar, dentre as energias a maior e mais forte de todas é a gravidade, (deixe cair naturalmente uma melancia a 1m de altura, com certeza no ponto de impacto essa fruta amassará, mas faça o mesmo experimento há 10m de altura, com certeza a fruta se despedaçará, agora com uma nova melancia; a outra se despedaçou, jogue-a com toda sua força ao solo da altura de 1m, sabemos a resposta, certo?), pois então, se eu disser que a mola percussora; mola mestra ainda está impulsionando todos os sistemas de molas e engrenagens universais? Acredito que seja evidente dentro dessa metáfora demonstrada por molas e engrenagens.

    O CRIADOR (MOLA MESTRA) AINDA ESTÁ IMPULSIONANDO NOSSO SISTEMA.

    Porém nesse meu conceito de Molas e engrenagens, outrora essa mola mestra esteve em repouso (lei de Hooke) e dentro desta lei a mola mestra voltará ao estado de repouso e novamente aplicando a lei da elasticidade, indo e vindo, começando e recomeçando, criando e recriando, universos e novos universos.

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